A imagem de um buraco negro divulgada. pela primeira vez em 10 de abril de 2019 por uma equipe internacional de mais de 200 cientistas é um feito histórico fabuloso. Muita gente não se dá conta, mas a ciência avançou fantasticamente com isso. Digo ciência grande, que envolve a sobrevivência da raça humana, não as bobagens polêmicas de certos “pensadores” admirados pela família Bolsonaro. O buraco negro mostrado em imagens pelo mundo todo está no centro da galáxia M87, a uma distância de 55 milhões de anos-luz, o que significa que estamos “vendo o passado” -o buraco negro pode não ser mais assim, mas é o melhor que podemos ver.

Até agora, a existência deste tipo de corpos celestes extremamente densos era conhecida apenas por métodos indiretos, mas nunca um deles havia sido observado. Para se observar um buraco negro tão longe e tão grande seria necessário um radiotelescópio do tamanho da Terra. É por isso que foi criada a rede de telescópios do Event Horizon Telescope (EHT), que unifica os dados provenientes de antenas nos Estados Unidos, México, Chile, Espanha e Antártica, por meio de um processo chamado de interferometria. Quanto mais observatórios são adicionados, e quanto mais distanciados eles estão um do outro, melhor fica a imagem final

O buraco negro super-gigante no centro da mega galáxia elíptica Messier 87 tem uma massa 7 bilhões de vezes a do Sol, como mostrado na primeira imagem divulgada pelo EHT. Se a Terra fosse transformada em buraco negro, seria do tamanho de uma bolinha de gude!

Há um século, Albert Einstein calculou, pelas suas equações, que a força da gravidade poderia distorcer o espaço-tempo. Buracos negros são singularidades, objetos matemáticos que são pontos de volume infinitamente pequeno com densidade infinita. Tais objetos incrivelmente compactos causam curvatura infinita. Já ouviu falar de geometria não euclidiana? O famoso astrofísico John Wheeler resumiu genialmente a teoria da relatividade geral de Einstein com a frase:
A massa diz ao espaço-tempo como se curvar, e o espaço-tempo diz à massa como se movimentar” (em Geons, Black Holes, and Quantum Foam (2000), p. 235).

Wheeler explica em uma linha o resultado da teoria geral da relatividade de Einstein, afirmando como o espaço-tempo pode se curvar. A força gravitacional pode ser explicada pela distorção que um objeto massivo causa no espaço ao seu redor. Outros objetos que se aproximam desse objeto massivo são forçados a seguir um curso ditado pelas distorções do espaço-tempo. Isso é comparado a rolar uma bola de boliche sobre uma superfície de borracha esticada.

Mas embora os buracos negros, objetos matemáticos teorizados e só agora vistos, confirmem a teoria de Einstein, não foi ele quem notou isso. O físico alemão Karl Schwarzschild, também ele judeu como Einstein, foi o primeiro a teorizar a existência. real dos buracos negros , oferecendo uma maneira surpreendente de resolver as equações da relatividade geral de Einstein, enquanto lutava ao lado do exército alemão na frente russa da Primeira Guerra Mundial. O que é fabuloso é que isso foi feito apenas pouco depois de Einstein ter publicado sua teoria, e o próprio Einstein não percebeu isso!

É muito surpreendente que Schwarzschild tenha enviado a Einstein sua solução em 22 de dezembro de 1915, um mês depois da publicação dos artigos preliminares de Einstein sobre a Relatividade Geral. Uma façanha — a coisa envolve muita matemática superior, e uma fabulosa compreensão da teoria da Relatividade Geral há mais de um século, quando muita gente hoje ainda não compreende. Schwarzschild não tinha computador, nem Internet, nem métodos algébricos automáticos como Mathematica.

Uma descoberta fabulosa, apenas resolvendo equações. No final, todos os buracos negros vão se unir (há bilhões deles), e o universo vai ser tragado como água no ralo da pia, esperando o próximo Big Bang. Pena que a mídia não divulgue nada disso, porque não entende. Ou não quer entender- Einstein é mais “sexy”…

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